Como viso aplicar um pouco do conhecimento das vertentes que estão ao nosso redor, venho hoje expor uma história que vem do Povo Cigano. Um povo que é forte, determinado, seguro, alegre, místico e até mesmo sedutor.
A grande personagem desta história é a cigana Mirvana, que através de sua ânsia em se aventurar pelas terras que cercavam a sua caravana, pode dar início uma prática que ainda é visto em muitas casas pelo mundo, o uso da ferradura como um talismã da sorte.
Quem nos conta a partir de agora esta história são os autores, Alberto Marsicano e Lurdes de Campos Vieira, do Livro Os Ciganos na Umbanda.
A Ferradura – Talismã da Sorte
A ferradura é um talismã poderoso para os ciganos; simboliza a boa sorte, atrai a prosperidade e afasta o azar e as energias negativas.
Além disso, representa o esforço e o trabalho, pois é um objeto usado por animais dedicados ao trabalho árduo, como o cavalo, a mula e o boi.
Por isso, está relacionada à luta pela sobrevivência.
Na Umbanda, a ferradura é associada a Ogum e também possui significado semelhante ao que tem para os ciganos. Seu formato é igual ao da onda mineral.
O ferro é o elemento mineral de Ogum e os sete furos são sete portais para essa dimensão mineral.
História da ferradura como talismã
Foto: sxc.hu |
Uma caravana cigana viajava pelas estradas da Romênia e, à noite, os ciganos se reuniam em torno da fogueira, para afastar os mulos, maus espíritos que povoam bosques e colinas.
Mirvana, filha do chefe do clã, bela jovem de 18 anos, olhos de fogo e boca em forma de coração, já fora advertida diversas vezes sobre o perigo de aventurar-se sozinha por esses bosques.
Certo dia, a jovem impetuosa montou um fogoso cavalo e aventurou-se à caça de sonhos pelas verdes colinas.
Quatro espíritos maléficos estavam de tocaia: o mulo da má sorte, o mulo da tristeza, o mulo da doença e o mulo da morte. O mulo da má sorte saiu em perseguição da bela Mirvana, perigo percebido imediatamente pelo cavalo. Enquanto a jovem golpeava com seus calcanhares o flanco do cavalo, o mulo se aproximava cada vez mais ameaçador. A jovem suplicava ao cavalo mais esforço, mas ambos não compreendiam por que a marcha diminuía ao invés de acelerar.
A certo momento, procurando reagir com um salto, o cavalo ergueu uma das patas traseiras, na qual balançava uma ferradura que se atingiu a testa do mulo que, com um grito, caiu imóvel de bruços.
Mirvana apanhou a ferradura salvadora e retornou à caravana, onde foram acesas fogueiras de agradecimento, e a ferradura foi solenemente pendurada do lado de fora de sua tenda.
Os outros mulos decerto teriam vindo vingar o companheiro, mas aquele sinal fora para eles uma advertência e ameaça, lembrando que o cavalo ainda tinha três ferraduras, uma para cada um deles.
Desse dia em diante, todo cigano de diversos clãs, e muitos não ciganos, penduram uma ferradura fora de sua tenda ou na porta de sua casa, para afastar a má sorte e os demais mulos. Assim, a ferradura tornou-se símbolo da boa sorte, boa saúde, longa vida e plena felicidade.
Livro: Os Ciganos na Umbanda
Autores: Alberto Marsicano / Lurdes de Campos Vieira
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Lachi Bar a todos os filhos do céu, estrelas, vento, terra, estradas, fogo e das águas.
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